Ficou uma linha solta, entende? Do tipo que você olha pra fora na camisa e tem vontade de puxar, mas algo depois te distrai e você esquece. Até que alguém mostra que ele está lá. Ou você percebe. E depois distrai. Fica num jogo meio bobo, mas deixa a linha lá por medo de estragar o resto da blusa.
É como ter um fato isolado na cabeça e saber que sua vida poderia ter mudado ali nele, mas – como todas as incompreensões da vida – acabou sendo rolado para o hall dos “e como teria sido se aquilo tivesse acontecido?”. E volta e meia você se pega pensando se, num desses efeitos borboletas que a imaginação permite, tudo teria saído como o esperado.
Teria?
Enxergo o mesmo sorriso agora. Até que ponto ainda é o mesmo? Sem dúvida a beleza ainda continua ali, mas o que aconteceu enquanto eu vivia o desvio que as rotas acabaram não planejando? Quer dizer, chamo de desvio por achar que nossos rumos poderiam ter seguido juntos. E sabe aquela linha solta?, eu fico olhando pra ela me perguntando se teria como colocá-la no lugar de volta.
O mais interessante (e estranho) é que eu fico refazendo os caminhos e me pergunto onde foi que não vi a possibilidade de entrar naquela porta. Fico remoendo isso às vezes sem nem ao menos ter a certeza de que a porta realmente existia. Entende? Receio que tudo isso seja uma ilusão criada por mim durante esse tempo todo.
E que a linha, na verdade, seja apenas um detalhe da costura que eu não me acostumei.
Não existe o arrependimento, nem mesmo a vontade de voltar no tempo. O que é de propriedade do passado não deve ser tomado dele. Entretanto, fica no corpo aquele ponto de interrogação sobre uma nova oportunidade. Sobe um arrepio e travo. Mesmo diante desse lindo sorriso.
Sorriso que, ainda nos devaneios, penso se pode ser meu.
[ Gustavo Lacombe ]
Sem dúvidas você é o melhor! Ja faz um mês que durmo lendo seus textos, e poxa, é sempre uma “delícia”. Infelizmente moro em Maceió, porque senão ja teria ido pegar um autografo seu no primeiro dia que comecei a ler seu blog. Super demais!!! E aguardo ansiosa pelo seu livro. Parabéns mesmo!
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Obg, Ma! 😉
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Seus textos são sempre tão verdadeiros e apaixonantes, parabéns!
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Essa comparação da dúvida com a linha solta foi excepcional!
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